O pastor Rogério Wellington Gomes de Oliveira, conhecido como Rogério Zayte, está sendo alvo de denúncias após declarações controversas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Em um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais, Zayte afirma que o autismo é causado por um "mal geracional" e estaria relacionado a entidades espirituais como Ogum e Ares.
Durante uma transmissão ao vivo no canal O Fuxico Gospel, o empresário Márcio Bieda, diagnosticado com autismo, expressou indignação com as falas do pastor e revelou ter registrado um boletim de ocorrência na Polícia Federal.
"Ele disse que toda pessoa que tem um autista na família está ligada a um mal geracional.
Isso é criminoso.
Está induzindo a igreja a tratar crianças autistas como endemoniadas", denunciou Bieda.
As declarações de Zayte provocaram imediata reação de pais, profissionais de saúde, especialistas em neurodiversidade e lideranças religiosas.
A ONG Força Azul, composta por pais cristãos de crianças autistas, está orientando outras famílias a registrarem queixas-crime contra o pastor.
Do ponto de vista legal, as falas podem configurar crimes previstos na Lei Brasileira de Inclusão
(Lei nº 13.146/2015), que criminaliza a incitação ao preconceito contra pessoas com deficiência.
Segundo o advogado Paulo Henrique, que representa Bieda, a pena prevista vai de dois a cinco anos de reclusão, podendo ser agravada por ter sido cometida por meio de redes sociais.
Além disso, as declarações podem ser enquadradas como charlatanismo e curandeirismo, uma vez que o pastor faz afirmações sobre a causa do autismo sem qualquer embasamento científico ou formação na área de saúde.
"Não se trata apenas de opinião pessoal. Ele está desinformando e incentivando práticas perigosas dentro das igrejas", afirmou Bieda.
Até o momento, o pastor não se pronunciou sobre o caso.
Segundo Bieda, o objetivo da ação judicial não é apenas punitivo:
"Queremos criar jurisprudência para que esse tipo de discurso não se repita mais dentro das igrejas.
Autistas merecem respeito, compreensão e acolhimento, não serem apontados como portadores de maldição".